quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A dona do bar

Ela era dona de um bar na Lapa, reduto da boemia, e que só fechava quando o último cliente saia, dormia ou morria. Era o bar preferido para encerrar a noite, principalmente por, depois de certa hora, ser a última opção. Ali se juntavam, bêbados, playboys inconsequentes, prostitutas e cafetões, criminosos de diversas estirpes, além de policiais em ronda - do jeito que eles entendem por ronda. Só não aparecia ali gente de bem.

Já fora prostituta e já vendera droga. Se requisitassem, ainda conseguia arranjar um pouco de pó e maconha. Crack, era terminantemente contra.

Nunca matara ninguém, mas já ferira uns clientes agressivos com canivetes e barras de ferro. Já mataram dentro do seu estabelecimento. Bandidos com bandidos, policiais com bandidos, bandidos com policiais. Mas, ali, ninguém era diferente. Brigavam ali e acertavam as contas ali, com ou sem sangue. E, fora dali, ninguém procurava saber.

Se ela era feliz? Não, não era. Mas achava que felicidade não era pra gente como ela. E se resignava em sobreviver. Nunca tinha se apaixonado, e não fazia mais questão. Os anos de ponto na praça lhe haviam empalidecido o coração. E a quantidade de sangue que já vira jorrar, conhecidos e desconhecidos, em sua frente ou em seus sonhos, lhe roubou a alma.

Se havia um momento em que era feliz, eram as noites quando sonhava sua vida diferente. Não eram frequentes, essas noites desses sonhos. Mas ela sempre esperava ansiosa pela hora de dormir.

2 comentários:

  1. taí, ser dona de um bar não é uma profissão que me apetece!! mais uma pra riscar da minha listinha...

    ResponderExcluir