terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mea culpa

Como ela podia ser tão egoísta? Só cobranças, cobranças, cobranças. Vai pra onde, com quem, que horas, até que horas, como, quando, por quê. Cada frase terminava com uma interrogação. E ele tinha certeza que vinham vários pontos de exclamação depois. Assim???!!! Assim mesmo.

Já nem se lembrava mais de como ou porquê a discussão começara. E, de repente, isso era o menos importante, uma vez que o percurso da discussão levou os dois a caminhos pouco saudáveis para o relacionamento. Gritos, resmungos, irritação. Estupidez.

Estava sem paciência. Não estavam os dois? Não podia continuar assim. Brigas quase diárias, agressividade, lamúrias. Qualquer coisa irritava. Os defeitos estavam cada vez mais intragáveis, as qualidades tornaram-se obrigação e rotina.

Que horrível. Não era a combinação mais feliz. E começou a recordar do porquê tinham chegado tão longe no relacionamento, o maior da vida de ambos. O sorriso, o prazer, a companhia. O sorriso pelo prazer da companhia. Cumplicidade. No olhar, no toque, nos gostos. O gosto, o cheiro, o tato.

A palavra certa na hora certa. A surpresa boa. Jantar fora, cineminha, ficar em casa, filme, seriado, programa de TV. As fotos na parede, as viagens. A paranóia de regime, rodízio japonês, tô gorda, tá linda!, um beijo, um abraço, um afago.

Comprou a dúzia de rosas mais bonitas e só tinha olhos pra dali pra frente. Era mais ela, mais com ela, mais, mais, mais.

E esperava que ela tivesse raciocínio semelhante, vez ou outra. Sabia que flores não durariam pra sempre.

3 comentários:

  1. gostei muito.
    e nem parece ficção, viu. certeza que foi baseada em fatos reais, rs

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  2. impressão sua, aqui é tudo ficção. :)

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  3. Mas, como há de se reconhecer, as mulheres têm sempre razão... :*

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