sábado, 18 de abril de 2009

A estante

Tirou o dia pra ser dona de casa, na acepção machista do termo. Primeiro, lavou a louça toda. Já acumulava alguns dias, estava sem facas. Depois, uma varrida na sala, muito da fajuta. Pretendia passar pano no chão, mas descobriu que ainda não tinha comprado panos de chão.

Partiu, então, para uma atividade mais masculina. Foi montar a estante, que já lhe entulhava a sala há dois meses, aguardando uma montagem divina, pois jamais contratou quem quer que fosse pra montá-la. Resolveu fazê-lo ele mesmo, e sozinho, condição em que se encontrava no momento.

Deitou as madeiras, distribuiu as prateleiras, fez contas, fez análises, estudou o caso e partiu para concluir o intento. Com uma chave de fenda barata que comprara numa lojinha de artigos chineses em punho, apertou parafusos, apertou dobradiças, fez e aconteceu. Suou pra caramba, ouviu música, descansou, bebeu água. E concluiu.

Ficou orgulhoso de si. Fizera algo que vinha adiando há tempos, e sem gastar nada. Uma economia de 30, 40 reais, digamos. Dava pra comprar um ou mais livros, dava pra ir ao cinema 4 ou 5 vezes, dava pra ir no teatro ver Hamlet. Mas tudo isso teria que esperar.

Ficou com uma dor nas costas que o obrigou a deitar o resto do fim de semana.

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